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Foto: Arquivo

Por Daniel Toledo


De que maneiras a linguagem audiovisual, colocada em diálogo com diferentes contextos e práticas artísticas, pode nos aproximar da produção cultural realizada no amplo território de Minas Gerais? Que caminhos têm sido traçados por criadores formados em variados campos das artes, da cultura, da pesquisa e da educação para se apropriar e até mesmo reinventar a linguagem audiovisual? Qual a potência de uma plataforma digital dedicada a reunir, preservar, divulgar e colocar em diálogo essa diversificada produção?


Considerando essas e outras provocações, a plataforma Energia da Cultura lançou em setembro de 2022 uma convocatória aberta a artistas, coletivos e agentes culturais do estado a inscreverem trabalhos audiovisuais com até 15 minutos de duração, incluindo ainda uma chamada para registros de apresentações musicais com até uma hora. A partir dessa convocatória, tivemos a responsabilidade – e o desafio – de selecionar 60 obras que passariam a integrar o acervo da plataforma.


No total, foram recebidas 262 propostas vindas de 63 municípios mineiros – abrangendo 10 das 12 macrorregiões do estado. Além da capital, Belo Horizonte, também Barbacena, Contagem, Diamantina, Juiz de Fora, Nova Lima, São João Del-Rei, Ubá, Uberlândia e Viçosa são localidades que se destacaram em números de obras enviadas. Entre os selecionados, por outro lado, figuram artistas e coletivos de Betim, Capitólio, Coronel Fabriciano, Gouveia, Matozinhos, Ouro Preto, Pouso Alegre, Ribeirão das Neves, Sabará, Santa Luzia, Tiradentes e Uberaba.


Tudo é cultura


Artes cênicas, artes visuais, literatura, patrimônio, audiovisual e música foram as categorias inicialmente propostas para acolher os trabalhos inscritos, sempre reconhecendo, entretanto, o hibridismo que caracteriza a produção cultural dos nossos tempos. Ao nos depararmos com as propostas recebidas, buscamos expandir nosso próprio entendimento sobre as ideias de acervo, de arte e de cultura, apostando na diversidade de contextos, linguagens e propostas artísticas como um critério a ser considerado. 


Desse modo, juntamente a curtas-metragens, videoclipes musicais, videopoemas e espetáculos filmados, foram selecionados vídeos produzidos a partir de atividades pedagógicas e de pesquisa, tais quais uma exposição fotográfica online realizada em Ubá, junto a pacientes de saúde mental, e um documentário de caráter antropológico realizado em colaboração com a Comunidade Quilombola do Espinho, em Gouveia. Ainda no campo do documentário, acolhemos também alguns trabalhos de caráter narrativo e reflexivo, que trazem como matéria conversas e depoimentos em torno de trajetórias artísticas individuais e coletivas. 


Ao justapor obras realizadas com muitos e com poucos recursos, filmadas tanto dentro de estúdios e instituições culturais quanto em praças, ruas, ambientes domésticos e espaços naturais, buscamos contribuir para uma visão ampliada sobre as noções de arte e de cultura. E contribuir, além disso, para que também as políticas culturais ligadas ao fomento reconheçam a pluralidade de manifestações e possibilidades da cultura audiovisual, aperfeiçoando-se a partir de caminhos apontados pela própria produção.       


Repertórios compartilhados


Concluída logo após um período de rígidas restrições sanitárias que temporariamente limitaram a realização de projetos e ações culturais, a seleção representa ainda uma celebração da cultura como uma atividade de suma importância para a vida social, atribuindo visibilidade a um rico repertório de experiências, práticas e imaginários culturais. 


À plataforma Energia da Cultura, além de celebrar a criação, a fruição e a reflexão estética, interessa também reduzir ausências e reconhecer emergências, colocando lado a lado, diante dos olhos e dos ouvidos do público, os múltiplos agentes e práticas que compõem a realidade cultural de Minas Gerais. 


No que se refere às próximas edições da convocatória, esperamos ampliar ainda mais o nosso alcance, seja no que se refere às origens geográficas de obras e artistas ou ainda às próprias práticas culturais e ideias artísticas que essas mesmas obras buscam traduzir e visibilizar. E seguir adiante, ampliando a concepção de cultura, aqui entendida como um campo fértil e plural do qual todos e todas fazemos parte.


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