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Samba, Mulher e Poder - Janaina Gentil e sua jornada musical

25 de março de 2024
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5m
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Janaina Gentil | Crédito: Luciana Brito
Janaina Gentil é uma força, uma verdadeira multifacetada da arte nascida em Leopoldina. Cantora, compositora e professora de canto coral, musicalização e prática de conjunto, Janaina irradia alegria e talento por onde passa, conquistando os palcos com sua presença marcante.

Formada em canto lírico e violão clássico pelo Conservatório de Música Lia Salgado em Leopoldina, Janaina Gentil é uma artista completa, cujo amor pela música transcende fronteiras. Sua jornada musical a levou a compartilhar o palco com renomados nomes do samba, enriquecendo ainda mais sua bagagem artística e sua paixão pelo ritmo que tomou seu coração na adolescência.

Para Janaina, o samba não é apenas um gênero musical, é uma bandeira que ela ergue com orgulho, transmitindo em suas canções as histórias do cotidiano da mulher e do povo brasileiro. Sua voz impecável carrega consigo o ritmo e a potência da tradição das mulheres sambistas, ecoando com autenticidade e emoção.

Além de sua brilhante carreira musical, Janaina Gentil também enxerga a música como um meio de cura e fortalecimento para as pessoas, uma ferramenta poderosa capaz de transcender barreiras e tocar os corações de quem a ouve.

Nesta entrevista, mergulhamos no universo artístico e inspirador de Janaina Gentil, explorando suas paixões, suas experiências e o impacto que sua música tem na vida das pessoas. Prepare-se para se encantar com a energia e a vitalidade dessa talentosa artista brasileira.Parte superior do formulário

Como foi sua reação ao saber que havia sido escolhida como uma das vencedoras do Prêmio da Música Energia da Cultura?

Nossa, eu fiquei muito feliz, muito feliz mesmo porque eu já tinha participado do Iluminando Talentos em 2023. Aí, me inscrevi no 1º Prêmio da Música Energia da Cultura e deu certo! Eu fiquei muito feliz por conta das quatro músicas autorais com as temáticas falando da mulher, do trabalhador, do cidadão brasileiro, da luta do brasileiro, que foram contempladas. Além disso, eu recebi esse presente de poder gravar e fazer o clipe das minhas obras! Não é fácil gravar no estúdio porque é uma grana bem apertada. Toda vez que eu juntava grana pintava uma coisa, juntava de novo, pintava outra coisa. E aí deu certo! Conseguimos levar as nossas obras e gravá-las no estúdio Engenho. Foi lindo demais.

Sua formação em canto lírico e violão clássico trouxe uma base sólida para sua carreira musical. Como essas influências se manifestam em sua música, especialmente no contexto do samba?

A minha formação no canto lírico e no violão foi muito importante porque o canto lírico me proporcionou técnicas importantes para que eu pudesse dominar o samba. O canto lírico é diplomático, é clássico, é diferente e o samba é o povo, é o gueto, é humor. Para unificar o canto lírico com o samba não foi fácil, pelo contrário, foi muito difícil. A formação em violão me permitiu fazer esse dobrado de tocar e cantar ao mesmo tempo que hoje eu domino, né. Essa formação me deu uma base muito forte e sólida e até hoje eu tento arranhar algumas músicas em inglês e em outros idiomas. O canto lírico enfatiza muito outras línguas, outros idiomas. Enfim, eu consegui vencer, formar e estamos aí unificando o canto lírico com o samba e tem dado muito certo.

Você teve a oportunidade de se apresentar ao lado de grandes nomes do samba. Como essas experiências moldaram sua trajetória musical?

Sim, já cantei com a Maria Alcina, o Ataulfo Alves Junior, Noca da Portela e fiz abertura do show da Sandra de Sá e do Monobloco. Foi muito bacana, muito gratificante. Você estar com artistas de âmbito nacional é um upgrade no currículo, né.

O samba é uma parte central de sua expressão artística. O que esse gênero musical representa para você e como ele influencia suas composições?

O samba para mim representa força, resistência, luta. É correr atrás, tentar ser feliz com pouco e depois vão vindo outras grandiosidades para a nossa vida. E a luta da mulher para cantar o samba é muito grande. A mulher, quando chega no palco para dominar um samba tem que ter muita garra, muita força, disposição, segurar a onda porque não é fácil. Ainda vivemos em um ambiente machista, até mesmo no mundo da música e principalmente no meio do samba. Mas a gente tem chegado junto e abraçado a causa musical por aí afora.

Suas canções frequentemente abordam o cotidiano da mulher e do povo brasileiro. Como você encontra inspiração para suas letras e qual mensagem busca transmitir através de sua música?

Eu sempre trabalhei com o meio social desde os meus 13 anos, quando existia a guarda mirim aqui na minha cidade. Era um projeto de menores de idade que trabalhavam nos setores da prefeitura e eu sempre trabalhei na Secretaria de Assistência Social vendo de perto as realidades das pessoas e tudo o que acontecia. Aquilo foi entrando na minha mente e fui entendendo que o povo passa aperto! Esse romantismo, esse glamour que vemos na TV não nos representa. E a partir daí, comecei a fazer composições que mostrassem o cotidiano, a vivência das pessoas, que mostrassem pessoas que lutam, que correm atrás. Minhas composições e as temáticas das minhas músicas são relacionadas ao cotidiano das pessoas.

Como professora de canto coral e musicalização, como você vê o papel da música na vida das pessoas, especialmente em termos de cura e fortalecimento?

Nossa que pergunta boa, porque primeiro de tudo na nossa vida é Deus, depois os dons que ele vai nos dando e as oportunidades de acontecimentos. E a música ela é um algo que cura, ela traz resultados, ela faz mudanças. Lógico que a gente não pode descartar a medicina, mas a música tem poder de cura. Eu trabalho com crianças atípicas e a gente vê o resultado de como é bacana, de como é bonito ver os pais falando com a gente “muito obrigada você fez o meu filho falar, você fez meu filho gritar, você fez meu filho balbuciar”. Então, com a música a gente obtém excelentes resultados e isso me emociona demais. A música pode transformar a vida de uma criança, de um adulto, de um idoso, enfim, é muito gratificante saber que a música tem uma grande contribuição para a saúde das pessoas.

Sua voz é elogiada por sua afinação e potência. Como você cuida da sua voz e mantém sua qualidade vocal ao longo do tempo?

Eu tenho Elza Soares como referência para mim. Achei bacana quando eu fui participar da gravação e falaram da potência da voz da Janaina! Essa potência é dominada como força, persistência, resistência, dor, alegria, tristeza, vitória. A gente termina expressando tudo isso em forma de música.

Como professora de canto é necessário falar para os alunos o que é o certo e o que que é errado de se fazer com a voz, e como se precaver, como cuidar da voz. Nós temos que cuidar da voz, trabalhar a voz falada, usar técnicas corretas para atingirmos uma nota além ou algo que é mais complexo. Tudo isso são contextos que a gente tem que mentalizar o tempo todo para que possamos ser um espelho e um exemplo para a pessoa que está aprendendo a cantar.

Uma alimentação regrada também é importante, assim como fazer exercícios físico. Tudo isso condiciona para que a voz fique bem. É necessário fazer os vocalizes, aquecimentos, desaquecimentos. São técnicas vocais que a gente trabalha todos os dias, mesmo que não vá cantar, para que a voz fique boa e de qualidade.

Além de cantora e compositora, você é uma multiartista completa. Como equilibra suas diferentes expressões artísticas e como isso enriquece sua criatividade?

Wollllll obrigada pelo elogio mulher multiartista!!! Além de ser uma mulher multiartista, sou mãe, esposa, dona da casa.... Enfim, várias administrações alinhadas não só em mim, mas em várias mulheres do planeta. E é de extrema importância sermos amigos da tecnologia e aprimorar os nossos conhecimentos, fazendo a transformação e a mudança na vida de cada um. E por sermos amigos da tecnologia para que a arte tenha continuidade, estudamos, lemos, escrevemos, pesquisamos, questionamos tudo que é envolvido na arte. A gente sempre está em dia, a gente não estaciona, a gente estuda, a gente aprimora, a gente busca melhorar e ser criativo a cada dia, não só no palco, mas com crianças ou com idosos ou com adultos, essa é a importância de se aprimorar e angariar conhecimentos.

Quais são seus projetos futuros na música? Há alguma colaboração ou novidade que você possa compartilhar conosco?

Eu estou muito ansiosa com o resultado das gravações feitas pelo 1º Prêmio da Música Energia da Cultura e quero, nesse ano de 2024, divulgar minhas músicas e mostrar que somos capazes de compor e falar sobre realidades. Estou com a mente muito focada nos meus trabalhos, nos meus projetos com as crianças, nos meus shows, e estou muito positiva com as canções que foram gravadas no estúdio Engenho para divulgar, para botar para quebrar, para as pessoas saberem que existe uma mulher preta de 42 anos que compõem também músicas do cotidiano.

Qual é a mensagem que você gostaria de transmitir aos seus fãs e aos amantes da música brasileira através de suas composições e performances?

A mensagem que eu quero deixar para todos vocês e para todos nós é “não desista dos seus sonhos, siga em frente, que a estrela um dia pode brilhar”. As minhas músicas são apenas um pedacinho, só um grãozinho para que as pessoas possam entender a mulher, o trabalhador brasileiro. Tem aquela frase “Não há não há vitória sem luta”. E que vocês possam curtir nosso som quando saírem do forno as músicas A mulherada, Mulher que reza, Tem que trabalhar, Mulher da batalha. Apreciem sem moderação, vocês vão gostar, vai ficar lindo...aquele abraço.... uhuuuu!

Conheça a página da artista clicando aqui.

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