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Palco, rua, estúdio, videoclipe

Palco, rua, estúdio, videoclipe
Por Daniel Toledo

 

Sobretudo desde os anos 1990, mas também antes disso, os videoclipes assumiram uma grande importância para a divulgação de músicas, discos e artistas relacionados ao campo. No final da década de 2000, com a popularização do Youtube, a lógica de circulação dos trabalhos se alterou consideravelmente, mas a produção de videoclipes seguiu firme e forte, concorrendo, por exemplo, com os chamados visualizers – pequenos recortes de cenas que se repetem em loop.  Entre obras caseiras e grandes produções, passando ainda por registros de apresentações em palcos e estúdios, as múltiplas relações entre música e audiovisual também integram o acervo da plataforma Energia da Cultura.

Trazendo representações potentes do universo do rap, "90'tero" e "Nível superior" são videoclipes gravados a partir de trajetos urbanos, seja a pé ou de ônibus, tendo o grafite e o pixo como recorrentes elementos da paisagem. "Páginas de um livro", por outro lado, aposta no diálogo entre o rap e uma narrativa documental que pouco a pouco se constrói. Investindo em atmosferas ao mesmo tempo festivas e reflexivas, os vídeos "JazzC" e "Um MC" afirmam a música como celebração de trajetórias de vida, chamando atenção ao valor da persistência e nos levando a contextos tão distintos quanto uma feira de rua em Sete Lagoas e uma casa noturna em Belo Horizonte.

 

A natureza dos monumentos e espaços públicos serve como mote ao videoclipe "Joaquim (Até quando?)", que traz questionamentos em relação aos mártires da nossa sociedade. O absurdo das narrativas midiáticas, por outro lado, contamina a estética de "Paleoloop", trabalho que combina humor, baião e crítica social. Em "Último manifesto", imagens de grandes manifestações públicas e festas populares são justapostas para traduzir uma sociedade em constante movimento. Unidos pela fotografia em preto e branco, "Breu" e "Domingos" trazem críticas contundentes ao racismo, destacando aspectos objetivos e subjetivos da situação do povo preto em solo brasileiro.

 

Diferentes perspectivas sobre relações amorosas também se fazem presentes entre os vídeos selecionados. De um lado, "Mal & bem" traz um elenco vigoroso para retratar, com muito humor, amores líquidos vividos na fronteira entre um bar movimentado e uma igreja que não tarda a se converter em festa. "Tela a pele", por sua vez, propõe uma reflexão sobre as relações entre amores e telas, combinando cenas de cinema a um casal que tenta se comportar em pleno sofá de casa. Em "Nas nuvens", nos deparamos com palavras de amor declamadas em uma performance solo que ganha força pela beleza da fotografia e da paisagem natural que serve como cenário.

 

O choro instrumental se faz presente com os vídeos "Cansei de ser santa" e "Mentiroso", duas obras gravadas em estúdio que destacam as habilidades e emoções de seus compositores e intérpretes. Enquanto o primeiro traz mulheres empunhando flauta, violão, cavaquinho e pandeiro, o segundo apresenta uma dupla formada por banjo e violão. No videoclipe "Nova", por outro lado, aposta na combinação entre voz, piano, baixo e bateria, propondo um flerte com linhas de jazz. Também gravados em estúdio, "Meu canto" e "Papéis avulsos" afirmam outras heranças presentes na música do estado, estabelecendo diálogos, respectivamente, com elementos da música popular baiana e do tradicional Clube da Esquina.

 

Representando o samba, "Mulher de batalha" oferece um convite ao cotidiano das mulheres pretas e mães solteiras, que dividem o tempo entre o trabalho e o cuidado dos filhos. Vindo de Montes Claros, o videoclipe "Abre-te Sésamo (ou Curva)" celebra a identidade cultural do Norte de Minas ao narrar a travessia de seres encantados do rio São Francisco. A partir de diferentes caminhos, os vídeos "Calma" e "Universo em expansão" trazem convites à contemplação e à serenidade, estabelecendo diálogos com a dança e a performance – e aproximam-se ainda por arranjos originais que flertam com reggae, xote, MPB, cantos indígenas e até mesmo capoeira. Originalidade também é eixo do clipe "Zape na mão", no qual diferentes técnicas de animação ganham vida para dar corpo aos versos do reggae favela criado pelo veterano Celso Moretti, ícone do ritmo no estado e no país.

 

MAPA MÚSICA 2023 (23 videos)

 

Belo Horizonte

"Zape na mão", Celso Moretti

"Breu", Gugu de Souza

"Um MC", Roger Deff

"Domingos", Niko Mc

"Nível superior", Artur Ranne

"Joaquim (Até quando?)", Rodrigo Piteco

"Mal & Bem", Guto Brant

"Último manifesto", João Jardel

"Cansei de ser santa", Raíssa Anastácia

"C'alma", Anne Chaves

 

Contagem

"Nova", Gustavo Figueiredo e Marcelo Dai

 

Diamantina

"Papéis avulsos", Pablo Aquiles

 

Itaúna

"Páginas de um livro", Ice Black bf

 

Leopoldina

"Mulher de batalha", Janaína Gentil


Lima Duarte

"Paleoloop", Fred Fonseca

 

Montes Claros

"Abre-te Sésamo (ou Curva)", Surubim e os Pocomãs

 

Ouro Preto

"Nas nuvens", Gnynbeat (Ezkiel)

 

Prudente de Morais

"Meu canto", BarbarAmor

 

Poços de Caldas

"Universo em expansão", Nádia Campos

 

Sabará

"Tela a pele", Yasmin Umbelino


Santa Luzia

"90'tero", Psycoprata

Sete Lagoas

"JazzC", Dual (Flow Gui x Hey Martin)

Uberlândia

"Mentiroso", Wellington Gama

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