Fruto de um desejo de que a cidade fosse notada para além das montanhas, o CURA [Circuito Urbano de Arte] é hoje um dos maiores festivais de arte pública do Brasil. Em 2017, realizou, em Belo Horizonte, seu primeiro circuito de pintura em empenas (laterais cegas de prédios ou construções). A rua Sapucaí, de onde é possível contemplar as obras, transformou-se no primeiro mirante de arte urbana do mundo. Dali se vê os murais mais altos pintados por mulheres na América Latina, e a maior obra de arte pública realizada por uma artista indígena. Em 2018, a prefeitura instalou no local duas lunetas fixas e públicas, melhorando a experiência de apreciação da coleção dos murais gigantes do CURA.
Na edição 2019 do Circuito, a cidade ganhou outro mirante, na rua Diamantina, de onde é possível se encantar com pinturas de prédios, muros e estabelecimentos comerciais, somando 11 obras de arte pública. Em 2020, foram pintadas quatro empenas no hipercentro da cidade, que também recebeu outras intervenções artísticas. Por conta da pandemia, o restante da programação aconteceu de forma online.
Fotografias: Caio Flávio - Área de Serviço
Em 2021, o festival teve como foco a Praça Raul Soares, localizada no centro geográfico de Belo Horizonte, e explorou a conexão com o outro e com outros seres. Denominada “Raulzona”, essa edição além das empenas pintadas por artistas, foram realizadas intervenções na praça, projeções na fachada do edifício JK e instalações artísticas temporárias. Nesta 6ª edição do CURA o público testemunhou uma Anaconda ganhar vida no asfalto (a maior pintura Shipibo do mundo), compartilhou vivências que reverenciam a presença marajoara na praça, se encontrou com uma instalação urbana inspirada no círculo do cosmograma Bakongo e seus bonecos erê/vunji/criança do Grupo Giramundo. E estar na praça enquanto cores e formas ganhavam vida nas fachadas dos prédios foi uma experiência única.