Arquitetura fantástica – estilo de edifícios que chamam a atenção e que podem ser considerados obras de arte. Normalmente são erguidos simplesmente para a diversão de seu dono. Um exemplar do estilo é a Casa de Cacos, construída entre os anos de 1963 e 1989 pelo geólogo Carlos Luís de Almeida. Tombada e transformada em museu, a casa, localizada em Contagem(MG), se tornou um ponto turístico da cidade.
Durante as duas décadas de construção, pequenos pedaços de louças, vidro e cerâmica se juntaram formando mosaicos que colorem a casa, a calçada e os móveis. As paredes do imóvel abrigam esculturas de cachorros, cabras e a curiosa elefanta chamada de "Fifi". No banheiro da casa, vaso sanitário, pia e porta-papel higiênico são formados por cacos. Quartos, sala, cama, televisão, rádio, mesa de jantar também são revestidos pelos fragmentos.
Alguns materiais usados para remodelar a casa seriam do Palácio do Planalto, doados por Lucy Geisel, casada com o ex-presidente Ernesto Geisel, que governou o Brasil no período da Ditadura Militar (de 1974 a 1979). O proprietário do extinto Café Pérola, na Praça Sete, em BH, também foi um dos fornecedores de cacos. Quadros do também ex-presidente Juscelino Kubitschek e do empresário Silvio Santos, dos quais o geólogo era fã, enfeitam as paredes da Casa dos Cacos. Imagens do local foram exibidas no programa do Chacrinha, da Rede Globo, nos anos 1980.
Meses antes de morrer num acidente automobilístico, em agosto de 1976, Kubitschek visitou a casa e deixou uma mensagem ao construtor e decorador: "Meu caro amigo Carlos, ao visitar a sua Casa de Cacos, quando aí passei, galvanizou-me o coração sentimental e a alma tornou-se imensamente inefável pela elevada beleza inaudita que veio estuar-me e encantar-me, deixando-me profundamente sensibilizado".
A casa tomou a atual forma em 1989, ano da morte do geólogo. O imóvel foi comprado pela prefeitura dois anos depois e tombado como patrimônio histórico e cultural em 2020. Durante mais de 15 anos, por descuido do poder público, o local esteve fechado, mas permaneceu na memória afetiva de quem nasceu, cresceu e vive no município metropolitano.