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Casa de Cacos: arquitetura fantástica presente em Contagem

26 de abril de 2023
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5m
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Casa de Cacos

Arquitetura fantástica – estilo de edifícios que chamam a atenção e que podem ser considerados obras de arte. Normalmente são erguidos simplesmente para a diversão de seu dono. Um exemplar do estilo é a Casa de Cacos, construída entre os anos de 1963 e 1989 pelo geólogo Carlos Luís de Almeida. Tombada e transformada em museu, a casa, localizada em Contagem(MG), se tornou um ponto turístico da cidade.


Durante as duas décadas de construção, pequenos pedaços de louças, vidro e cerâmica se juntaram formando mosaicos que colorem a casa, a calçada e os móveis. As paredes do imóvel abrigam esculturas de cachorros, cabras e a curiosa elefanta chamada de "Fifi". No banheiro da casa, vaso sanitário, pia e porta-papel higiênico são formados por cacos. Quartos, sala, cama, televisão, rádio, mesa de jantar também são revestidos pelos fragmentos.


Alguns materiais usados para remodelar a casa seriam do Palácio do Planalto, doados por Lucy Geisel, casada com o ex-presidente Ernesto Geisel, que governou o Brasil no período da Ditadura Militar (de 1974 a 1979). O proprietário do extinto Café Pérola, na Praça Sete, em BH, também foi um dos fornecedores de cacos. Quadros do também ex-presidente Juscelino Kubitschek e do empresário Silvio Santos, dos quais o geólogo era fã, enfeitam as paredes da Casa dos Cacos. Imagens do local foram exibidas no programa do Chacrinha, da Rede Globo, nos anos 1980.


Meses antes de morrer num acidente automobilístico, em agosto de 1976, Kubitschek visitou a casa e deixou uma mensagem ao construtor e decorador: "Meu caro amigo Carlos, ao visitar a sua Casa de Cacos, quando aí passei, galvanizou-me o coração sentimental e a alma tornou-se imensamente inefável pela elevada beleza inaudita que veio estuar-me e encantar-me, deixando-me profundamente sensibilizado".


A casa tomou a atual forma em 1989, ano da morte do geólogo. O imóvel foi comprado pela prefeitura dois anos depois e tombado como patrimônio histórico e cultural em 2020. Durante mais de 15 anos, por descuido do poder público, o local esteve fechado, mas permaneceu na memória afetiva de quem nasceu, cresceu e vive no município metropolitano.


Cacos de Lembranças

Em 2022, a plataforma Energia da Cultura lançou uma convocatória para seleção de vídeos e lives. Foram inscritas 241 obras, das quais 56 foram selecionadas e receberam prêmios em dinheiro, além da exibição e divulgação nas redes sociais e na plataforma. Na categoria preservação e valorização do patrimônio, o minidoc de Felipe Pedrosa, Cacos de Lembrança, foi um dos agraciados.

O minidoc resgata as memórias diante da reabertura do imóvel, que foi restaurado e devolvido aos contagenses em agosto de 2022. As imagens mostram em detalhe o monumento que é a Casa de Cacos e conta com depoimentos dos moradores de Contagem.

Pedrosa conta que a ideia do documentário partiu de um outro projeto, que era o registro de monumentos históricos importantes de Contagem. “Fui convidado, então, pela Secretaria Municipal de Cultura, para acompanhar o final das obras na Casa de Cacos. Com isso, produzi um acervo enorme de vídeos, fotos. Quando vi o anúncio do Energia da Cultura, me veio a ideia de montar o minidoc”.

Mas Pedrosa já tinha uma história antiga com a casa, que está localizada na região onde ele se criou. “Sempre achei tudo aquilo muito curioso. A casa de cacos não estava na rota do caminho que eu fazia a pé para ir e voltar do colégio, mas eu costumava desviar o caminho para passar por ela. A construção sempre me chamou a atenção, pela estrutura, pela estética, pela criatividade”, relembra.

Desde a graduação, Pedrosa tem como objeto de estudo e pesquisa os registros da história oral.  Por isso, quando soube da reabertura da Casa, enxergou a possibilidade de ele mesmo registrar essa história. “Primeiramente pensei em fazer o documentário em cima dos depoimentos dos herdeiros do ‘Seu Carlos’ (o dono da casa), mas depois achei mais interessante registrá-la através dos depoimentos das pessoas que tinham uma memória afetiva daquele lugar. Se essa história não for registrada, ela se perde”.




Assista o vídeo


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