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Para que serve um museu?

8 de fevereiro de 2023
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5m
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Que caminhos podem nos levar aos museus, aos seus acervos e às múltiplas atividades que acontecem dentro e fora deles? De que modo a tecnologia e a imagem audiovisual podem contribuir para aproximar as instituições culturais dos mais diversos públicos, seja a partir da presença ou mesmo à distância? De que modo um museu pode ampliar seu alcance, ultrapassando a função mais tradicional de abrigar obras de arte e outros objetos de valor simbólico?


Fundado em 2008, como desdobramento de um extenso processo de catalogação da obra do artista mineiro Inimá de Paula, o museu que há 15 anos leva adiante o nome de Inimá ocupa hoje um papel muito importante para a popularização da produção do artista e das próprias artes visuais, sobretudo quando se considera os cenários da cidade de Belo Horizonte e do estado de Minas Gerais.  


Para além de ações e programas que estimulam visitas presenciais ao edifício que o abriga desde a sua fundação, o Museu Inimá de Paula vem, já há algum tempo, investindo na produção de uma série de vídeos que apresentam ao público variados aspectos da existência do museu. Ao longo dos vídeos, tanto há espaço para a obra do artista quanto para aspectos da arquitetura, das instalações e do entorno do museu, incluindo ainda registros de atividades desenvolvidas por sua equipe junto ao público escolar e algumas memórias relacionadas à criação da Fundação Inimá de Paula, em 1998 – apenas um ano antes do falecimento do artista.


Caminhos da arte


Nascido em 1918, na pequena cidade mineira de Itanhomi, situada na região no Vale do Aço, Inimá de Paula iniciou sua trajetória artística ainda na adolescência, quando trabalhou com fotografia, mas foi somente aos 20 anos, quando já vivia em Juiz de Fora, que teve suas primeiras experiências com uma escola de desenho. 


Depois disso, viveu no Rio de Janeiro, onde seguiu seus estudos em arte, e também esteve em Fortaleza, tornando-se um importante articulador da emergente cena local de artes visuais. No início da década de 1950, pôde conhecer as paisagens e viver a pulsante cena artística da cidade de Paris, na França, após ser contemplado por um prêmio concedido pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.  


Ainda na década de 1960, Inimá de Paula decidiu se estabelecer em Belo Horizonte, jovem capital mineira que, quando comparada a outras grandes cidades, ainda dava seus primeiros passos no que se refere à construção de uma rede de instituições culturais. Foi em seu estado natal que, a partir de então, Inimá produziu grande parte da sua obra. Falecido em 1999, o artista participou intensamente da concepção da Fundação Inimá de Paula, que tem entre suas principais realizações justamente a criação do museu e, antes disso, a catalogação dos trabalhos criados por Inimá.


Mestre mineiro das cores


Cenas urbanas, paisagens rurais, autorretratos, naturezas mortas: esses são alguns dos temas explorados pela obra de Inimá de Paula e retratados em detalhe no vídeo "Mestre mineiro das cores", que nos oferece um breve passeio por importantes trabalhos do artista, dando a ver influências de correntes como o cubismo, o expressionismo e o fauvismo – estilo que preza pela liberdade no uso das cores e tem grande destaque em sua produção.


Ao longo do vídeo, temos acesso a impressões do artista sobre a Paris dos anos 1950, onde testemunhou a convivência entre antigas catedrais e redes de iluminação pública que, àquela altura, se espalhavam pela cidade. Além disso, acessamos também alguns trabalhos produzidos nos anos 1970, trazendo imagens que remetem a campos de cultivo de algodão situados do outro lado do mundo, no Japão. A partir de diferentes perspectivas, a seleção de trabalhos nos convida a pensar sobre as relações entre natureza e cidade, também presentes em pinturas que celebram os morros do Rio de Janeiro, cidade que marca a história e a obra do artista. 


Ainda há espaço, entre os trabalhos selecionados, para uma interpretação bastante brasileira da longa tradição europeia fundada na ideia de natureza morta: na obra do artista, em vez de maçãs e uvas, é o caju, fruto típico do nosso país, que se converte em tema para a pintura. Encerra a série, por fim, um autorretrato do artista, cuja pele, pintada em vermelho, afirma a influência fauvista e se distancia dos pálidos retratos europeus. 


Uma visita ao museu


No curta "Vídeo Arte", por outro lado, um dos criadores da Fundação Inimá de Paula, o empresário, gestor cultural e curador Romero Pimenta nos convida a um passeio pelas instalações do museu e pela obra do artista Inimá de Paula, compartilhando ainda algumas reflexões sobre os múltiplos papéis dos museus – e da arte – na sociedade contemporânea. 


Antes de adentrarmos as portas do edifício, entretanto, temos a oportunidade de observar algumas tomadas aéreas da região central de Belo Horizonte. De um lado, a rua da Bahia, eixo boêmio da capital mineira e marco fundamental dentro do planejamento urbano da cidade. Do outro, um dos primeiros quarteirões da avenida Álvares Cabral, no qual a maciça presença de árvores frondosas denota a proximidade entre o edifício e o principal parque da capital.


Enquanto passeamos pela extensa obra do artista e também pelas múltiplas salas que integram a arquitetura do edifício, somos convocados por Romero Pimenta a refletir sobre ao menos duas funções dos museus: a primeira, mais tradicional: preservar a arte e a memória dos artistas. Buscando superar a tradição elitista e exclusivista que deu origem à própria prática museológica institucional, a segunda função, por outro lado, defende os museus como "pontos de cultura" – como espaços públicos dedicados ao pensamento e à formação.


É nesse sentido que, para além de promover mostras temporárias e abrigar exposições permanentes de caráter artístico, mas também histórico – como acontece em uma sala que reproduz o ateliê de Inimá de Paula –, o museu também se mostra aberto à promoção de encontros em torno de filmes, palestras e outras atividades. Incorporando ainda registros de visitas de diferentes formatos, realizadas com turmas de crianças e adolescentes, o vídeo ressalta a potência pedagógica dos museus, afirmando sua capacidade de sensibilizar olhares e perspectivas a partir das artes, do encontro e da troca de saberes.


O Museu Inimá de Paula é patrocinado pela Cemig. Conheça aqui outros projetos patrocinados pela companhia.


Foto: Rubem Pontes


   Assista o vídeo


Tags: #museu
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