Hoje, mais do que nunca, parece impossível construir um trabalho que tenha o corpo como elemento central, considerando apenas o âmbito restrito – ainda que excessivo – das representações visuais. Nosso contexto cultural, no qual se superpõem múltiplas representações sociais, políticas, religiosas, jurídicas, médicas, científicas e sexuais do corpo, evidencia a complexidade que se desprende dessa teia emergente de significações.
De modo similar, não podemos mais ignorar a relação dinâmica que se estabelece entre o corpo da obra e o corpo do observador no momento da fruição estética. Esse espaço virtual é sempre permeado por experiências individuais num constante, mas nem sempre consciente, diálogo com as demais representações produzidas no universo da cultura. Como expressou Alain Corbin (2009, p. 9) : “O corpo é uma ficção, um conjunto de representações mentais, uma imagem inconsciente que se elabora, se dissolve, se reconstrói através da história do sujeito, com a mediação dos discursos sociais e dos sistemas simbólicos.”
O que é ou o que pode ser o corpo, esse frágil e opaco invólucro que encerra o sujeito, princípio e fim da própria humanidade? Nesse momento, o Mundo parece sem respostas a essa pergunta. Aos estrangeiros ou, simplesmente, àqueles que se deslocam forçosamente pela manutenção da vida, é-lhes suprimido o direito à liberdade e ao exercício simbólico, restando-lhes apenas o reconhecimento da própria fragilidade: “meu corpo minha morada”.
Localidade
São João del Rei
Ficha Técnica
Meu corpo minha morada – Osso Videoarte: 2016
Ideia original e direção: Ricardo Coelho
Fotografia: Ricardo Coelho
Preparação de atores: Luís Firmato
Atores: Érika Santos, Júnio de Carvalho, Luís Firmato Mar de Paula, Ana Pi Videira, Ricardo Coelho, Thales Henrique Rocha
Edição de Vídeo e Som: Fernando Mastrocolla
Projeto de Cenário, marcenaria e construção: Ricardo Coelho